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sábado, 19 de dezembro de 2009

A História de Lily Braun

Como num romance
O homem de meus sonhos
Me apareceu no dancing
Era mais um
Só que num relance
Os seus olhos me chuparam
Feito um zoom

Ele me comia
Com aqueles olhos
De comer fotografia
Eu disse cheese
E de close em close
Fui perdendo a pose
E até sorri, feliz

E voltou
Me ofereceu um drinque
Me chamou de anjo azul
Minha visão foi desde então
Ficando flou

Como no cinema
Me mandava às vezes
Uma rosa e um poema
Foco de luz
Eu, feito uma gema
Me desmilinguindo toda
Ao som do blues

Abusou do scotch
Disse que meu corpo
Era só dele aquela noite
Eu disse please
Xale no decote
Disparei com as faces
Rubras e febris

E voltou
No derradeiro show
Com dez poemas e um buquê
Eu disse adeus
Já vou com os meus
Numa turnê

Como amar esposa
Disse ele que agora
Só me amava como esposa
Não como star
Me amassou as rosas
Me queimou as fotos
Me beijou no altar

Nunca mais romance
Nunca mais cinema
Nunca mais drinque no dancing
Nunca mais cheese
Nunca uma espelunca
Uma rosa nunca
Nunca mais feliz

(Chico Buarque e Edu Lobo)

domingo, 13 de dezembro de 2009

...



Autor(a): N Maria
Link: http://br.olhares.com/foto3298124.html

domingo, 15 de novembro de 2009

O não alinhado


O não alinhado

Autor: Vitor Tripólogos
Galeria Pública: Outros

domingo, 8 de novembro de 2009

sexta-feira, 6 de novembro de 2009


Autor(a) : Sara Sa
Galeria Pública: Retratos

sábado, 31 de outubro de 2009

O mundo é grande

O mundo é grande e cabe
nesta janela sobre o mar.
O mar é grande e cabe
na cama e no colchão de amar.
O amor é grande e cabe
no breve espaço de beijar.

(Carlos Drummond de Andrade)

sábado, 17 de outubro de 2009

precisões

Às vezes me pego destraída com fantasmas a minha volta...
[ou serão fruto da ilustração?

Às vezes tenho vontade de viver o impossível,
[de ir além de tudo...

Vontades que veem no momento errado.

O desejo que tenho é de não desejar absolutamente nada,
meu desejo é ser máquina.
Meu medo é descobrir que não sou.

(Danielle Urquiza)

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Preocupações de um velhinha

Se o ronco de um quadrimotor rompe a calma da manhã, os olhos da velhinha se erguem assustados do canteiro de couves para o céu onde o monstro de metal passa com imponência aterradora cintilando ao sol, e de sua mão pende por um momento o velho regador de lata, que ela pousa depois lentamente no chão, quando o som já se perdeu e a distância apagou o minúsculo ponto no azul; e então ela olha para os canteiros, seus canteiros que ela rega toda manhã e de tempos em tempos cava com a enxadinha e semeia, ela olha e tem medo, seu coração que já morreu em muitas mortes e que sempre ressuscitou com a valentia de uma planta rebelde parece agora temer coisas jamais vistas, coisas obscuras e terríveis que lhe anunciam o ronco do avião sobre sua cabeça, as notícias que os olhos, num intervalo do crochê, vão tentando decifrar no jornal largado sobre a mesa, ou os ouvidos atentos recolhem das conversas.

— Antero, os chineses são gente má? …

— Os chineses? Por quê? São gente feito nós mesmos.

— Hoje li no jornal que eles estão matando muita gente …

— Guerra, Mamãe.

— Guerra pra quê?

— Pra que; guerra, uai, um é inimigo do outro e quer destruir o outro.

Guerra que lembra é a do Paraguai, era menina ainda, o pai contando histórias, umas bonitas, outras tristes — mas não pareciam matar tanta gente. Depois outra guerra, muito longe, e depois, mais perto, a guerra da Itália, quando diziam que o Jaime podia ser chamado a qualquer hora e em que o Amadeu foi, tinha até um retrato dele vestido de soldado — mas essa guerra ficava noutras terras, a milhares de léguas de distância, e era preciso ir de navio ou avião, pois tinha o mar. Agora era esquisito, parecia que a guerra estava em toda parte (tantos nomes de lugares que ela nunca tinha ouvido falar), no mundo inteiro — e decerto de uma hora para outra estaria ali também na cidade, no meio deles, aviões jogando bombas, soldados atirando nas pessoas e as casas pegando fogo, sangue e gente morta nas ruas.

— O Brasil também está na guerra? …

— O Brasil? Não.

— Então como que eu li que foi um batalhão de soldados brasileiros para um lugar estrangeiro …

— Onde? Ah, isso é outra coisa, Mamãe; é guerra, mas não é o Brasil, é a ONU, um batalhão de soldados do mundo inteiro, vários paises, mesmo quem não está na guerra; é para acabar com a guerra, entende?

Diz que entende e pára de falar; depois ela vai pensar sozinha para ver se entendeu mesmo, mas agora não está entendendo: pois se não está na guerra então pra que mandar soldado? Mas não gosta de perguntar aos filhos, eles não gostam de explicar, dizem que é muito complicado, a senhora não entende, Mamãe. Mas tem hora que dá uma comichão na língua e quando vê já está falando:

— Quê que é belico?

— Bélico: acento no é. Bélico é guerra, coisas de guerra.

— Material bélico …

— Fuzil, metralhadora, canhão, tanque, morteiro, tudo isso.

— Morteiro? Uai, essa eu não tinha ouvido falar não, é arma também? Como que ela é?

— A senhora anda curiosa, hem, Mamãe; pra que que a senhora quer saber? É arma de matar, destruir; é um cano, a gente joga a bomba dentro e o cano joga a bomba pra longe e ela explode, morteiro é isso.

Tomou uma chamada, bem feito, quem mandou ela ficar perguntando? Sabe que eles não gostam de explicar, já tomou várias chamadas e não aprende; mas é que dá uma comichão e quando vê — ainda bem que tem hora que segura e não fala: melhor deixar para quando estiver sozinha no quarto, de noite, no escuro, antes de deitar; aí vai pensando devagarinho e repetindo o que leu ou falaram para ela: mas quanto mais pensa, mais fica tudo embaralhado na sua cabeça. As vezes reza a Deus pedindo que Ele ajude seu entendimento, mas o que sente é que as coisas no mundo ficaram tão complicadas que nem mesmo Deus pode mais entender direito; sente como se Ele também estivesse numa confusão e num medo igual ela, aquele medo que estava agora dia e noite com ela: era como se de uma hora para outra uma coisa terrível fosse acontecer e acabar com tudo o que havia de bom na terra. De manhã, ao acordar, lembrava-se de sua hortinha, suas couves, alfaces, tomates, cebolas, moranguinhos; estariam lá ainda, no mesmo lugar do mesmo jeito, ou encontraria apenas um montão de cinzas cheio de braços e pernas de gente, cabeças, orelhas, olhos esbugalhados, como vira no sonho?

Ontem, Cidinho, o netinho maior, na hora que ela estava aguando, entrou na horta com um estranho objeto na mão, uma arma que ele falou o nome mas ela não entendeu e que bastava puxar o gatilho que ela e a horta desapareceriam na mesma hora; ele falou que ia puxar; ela pediu pelo amor de Deus que não fizesse isso; ele puxou e então houve um estalo, mas nada aconteceu, e ele ficou rindo dela e dizendo "Vovó boba, Vovó boba", e depois saiu de afasta continuando a rir dela e a dar tiros. Ela ficou parada entre dois canteiros, o coração ainda batendo forte do susto, as pernas trêmulas, e ao olhar para as suas couves, verdinhas e viçosas, começou a chorar — era boba mesmo, era boba.


(Luiz Vilela:In Contos Jovens 1;Mansur, Gilberto e Lajolo, Maria Philbert – Editora Brasiliense – São Paulo, 1973)

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Laços...


Eu poderia brotar, e nascer.

Mas pra quê?

Eu poderia cantar, e dançar...
E sorrir!


Seria uma boa idéia,

Se eu pudesse viver,

Se eu pudesse falar,

Se eu pudesse sentir...


Uma cama, um mar

Um laço pra me soltar

Pra me desprender

Pra desembrulhar...


Quase voando

Quase flutuando

Dançando na leveza...

De ser!


Um êxtase,

Uma maravilha.

Expressa em palavras,

Que talvez nunca ouvidas,

São apenas...

[sentidas.


Eu beberia,

gargalharia,

e dormiria...


Esperando o outono,

Esperando um vento,

Uma chuva,

Uma lua.

E de novo...

Um laço.


(Danielle Urquiza)

domingo, 20 de setembro de 2009

As nuvens, como já dizia Baudelaire...

Tenho um presente para vocês, o melhor presente de Natal que posso dar: uma história bonita. E com agá mesmo, pois é real, embora pareça mais uma estória naquele sentido de Guimarães, o Rosa. Contei-a só a duas ou três pessoas — trata-se de história meio secreta, discreta, para poucos — e se a conto hoje a vocês é não apenas porque o dia é especial, mas vocês também o são para mim. Acreditem.
Foi um sábado de setembro último. Era um daqueles dias de ventania descabelada da primavera gaúcha, e Déa Martins me convidou para ver o pôr-do-sol na Ponta do Gasômetro, na beira do Guaíba, onde os Oxuns se encontram. Sentamos na grama, ficamos olhando o céu, o rio, o horizonte verde das ilhas. Provavelmente fumei um cigarro, Déa deve ter falado dos problemas de produção com os Paralamas do Sucesso, lembramos de nossa amiga Stella Miranda ou inventamos mais histórias sobre as irmãs Salete, Bebete e Janete. O que quero dizer é que não houve mesmo nada especialmente prévio. Nenhum aviso, nenhuma suspeita. “Aconteceu sem um sino pra tocar”, como no poema do príncipe Péricles Cavalcanti que Adriana Calcanhoto canta e outro dia me fez chorar de beleza. Ríamos muito, isso é sempre o melhor com Déa: ri-se sem parar.
O vento espalhava rapidamente as nuvens pelo céu. Dissolviam-se em fiapos primeiro brancos, depois rosa, depois vermelho cada vez mais púrpura, até o violeta, enquanto o Sol ia-se transformando aos poucos numa esfera rubra suspensa. De repente observei: certa nuvem não se mexia. Apenas uma. Parada, branca, enorme, eu olhei desconfiado. E tinha uma forma inconfundível, qualquer criança veria. Desviei os olhos, falei sem parar, as outras nuvens continuavam a esfiapar-se. Aquela, não. Então, com muito cuidado eu disse: “Déa olha lá aquela nuvem.” Ela olhou. E disse: “Meu Deus, é um anjo.”
Sem gritaria, ficamos olhando a nuvem-anjo. Ninguém mais olhava para ela embora, apesar de discreta, fosse um escândalo.
Quanto às outras nuvens, continuavam a se esgaçar, virando sem parar elefantes, camelos, colinas, nuas mulheres barrocas, como é próprio da natureza das nuvens. Mas aquela, aquela uma não se transformava em nada diferente dela mesma, apenas aperfeiçoava a própria forma. Quer dizer: ficava cadavez mais anjo. Mais tarde, ao chegar em casa,tentei desenhá-la. Olho o desenho agora: a perna direita levemente dobrada, como num plie de dança clássica, a esquerda alongada para trás, num per. feito relevé o corpo se curvando suave para a frente, com o braço esquerdo erguido para o alto e o direito estendido em direção ao Sol. A palma aberta da mão direita se voltava para baixo, como se abençoasse o Sol que partia para o Oriente. Além de anjo, bailarino. E tinha asas, imensas, duplas, quádruplas, múltiplas, espalhadas em várias cores atrás dos cabelos longos. Estava lá parada no céu, a nuvem-anjo, abençoando o sol, o rio, o céu sobre nossas cabeças, a cidade longe.
Quase não falamos. Ficamos até supernaturais, espiamos outras coisas, remexemos nas formigas, namoramos à toa em volta. Vezenquando um espichava o canto do olho para avisar ao outro: “Continua lá”. E assim foi, até que o Sol sumiu, o azul- marinho veio vindo das bandas dos Moinhos de Vento, apareceu a conjunção Vênus-Júpiter em Escorpião. A nuvem? Continuava lá, imóvel. E sozinha. O vento era tanto que todas as outras tinham desaparecido, sopradas para Tramandaí, Buenos Aires, Montevidéu. Só restava ela, a nuvem-anjo, abençoando os últimos raios dourados. Começou a esfiapar-se também apenas quando levantamos para ir embora. Ao chegarmos ao carro, não havia mais nada além de estrelas no céu imenso da Lua quase cheia em Aquário.
Pensei: “Glória a Deus sobre todas as coisas”. Foi o único pensamento que me veio. Nem era direito pensamento, parecia mais uma oração.

O Estado de S. Paulo, 2/12/1994

(Caio Fernando Abreu, In: Pequenas Epifanias)

sábado, 5 de setembro de 2009

Porquinho da Índia

Quando eu tinha seis anos
Ganhei um porquinho-da-índia.
Que dor de coração eu tinha
Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!
Levava ele pra sala
Pra os lugares mais bonitos, mais limpinhos,
Ele não se importava:
Queria era estar debaixo do fogão.
Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas...

- O meu porquinho-da-índia foi a minha primeira namorada.

(Manuel Bandeira)

domingo, 30 de agosto de 2009

Bilhete

Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres, enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...

(Mario Quintana. In: Esconderijos do tempo)

terça-feira, 11 de agosto de 2009

61: Verdade Interior

O vento sopra sobre o lago e agita as águas. Barcos de papel navegam pelas sarjetas. Você está parado na janela, atrás da vidraça. Você olha para fora. Não há nada diferente ou incomum lá fora. São os mesmos edifícios, do outro lado e mais além da rua. As mesmas árvores, poucas. Algumas vidas existindo tão discretamente quanto a sua, por trás de outras vidraças nos edifícios do outro lado e além da rua. Assim olhando, de repente você se percebe tão quieto que tem vontade de fazer alguma coisa. Qualquer coisa dessas cotidianas, anônimas, acender um cigarro, ligar o rádio, quem sabe abrir a vidraça atrás da qual você está parado. Mas não faz nada. Você prefere não fazer nada. Permanece assim: parado, calado, quieto, sozinho. Na janela, olhando para fora.
Então, o céu escurece. Não há pausa nem gradação. Súbito, o céu escurece. Começa a acontecer um vento, e você pensa: “O vento sopra sobre a superfície de um lago”. Embora não exista lago algum, só cimento, paralelepípedos. Chinês você se concentra. Repete mais claramente agora. “O vento sopra sobre o lago e agita a superfície das águas.” Você suspira. Sem dor nem inquietação. O suspiro é um sopro de ar que sai do fundo de pulmões certamente escurecidos pelos muitos cigarros e a poluição urbana, como cavernas negras. Esse ar morno vindo do fundo das cavernas embaça a vidraça atrás da qual você está parado.
Com a ponta do dedo indicador, então, sobre a vidraça embaçada, você risca um traço, aparentemente à toa. Como na infância, nos dias de tempestade. Depois você desenha outro, e outro. Não são muitos traços, assim limpos, verticais, horizontais. Duas formas, lado alado, ideogramas — Chung Fu.Você contempla o que acabou de desenhar no baço. Outra vez chinês, repete: “O vento agita a água porque é capaz de penetrá-la”. E pouco importa que ninguém — de certa forma, nem mesmo você, que está inventando — entenda isso que se passa agora, amanhã ou ontem.
Então começa a chover. Gotas pesadas, esparsas. Depois elas se aglomeram, mais finas. E chove, de repente, atrás da vidraça onde você está. Parado, atento. As águas se avolumam no alto da ladeira, despencam pela rua abaixo, em frente à sua janela. Espessas, amareladas. Levam pela frente papéis amassados, poeira, pontas de cigarro, latas de coca-cola. Todos esses restos que se amontoam pelas ruas da cidade, as águas levam. Ninguém sabe para onde. Bueiros, esgotos. Quem sabe para o mar?
É quando você pensa no mar que tem, ao mesmo tempo, vontade de descer pelo elevador até a sarjeta para soltar um barquinho de papel nessas águas. Meio tolo, você se pergunta assim:
“Para onde vão os barquinhos de papel soltos na enxurrada?” Mais tolo ainda, mas justificável, porque meio criança dessa vez, você lembra do soldadinho de chumbo de Andersen, com sua espingarda em riste dentro de um barquinho de papel. Com sorte, você deseja, o barquinho chegará à outra esquina. Com mais sorte ainda, cairá em algum ralo, depois num esgoto, depois ainda, sempre inteiro, será levado até algum rio. Até o mar, quem sabe? Você imagina um barquinho de papel capaz de atravessar incólume todas as torrentes e perigos para chegar ao mar. Pouco provável. Eram tão frágeis aqueles barquinhos que as crianças antigamente soltavam nas águas sujas das sarjetas.
Frágil — você tem tanta vontade de chorar, tanta vontade de ir embora. Para que o protejam, para que sintam falta. Tanta vontade de viajar para bem longe, romper todos os laços, sem deixar endereço. Um dia mandará um cartão-postal, de algum lugar improvável. Bali, Madagascar, Sumatra. Escreverá: penso em você. Deve ser bonito, mesmo melancólico, alguém que se foi pensar em você num lugar improvável como esse.Você se comove com o que não acontece, você sente frio e medo. Parado atrás da vidraça, olhando a chuva que, aos poucos, começa a passar.
Outra vez chinês, você se afasta um pouco para ver melhor o ideograma. “Verdade interior” — você repete. E acrescenta:
“Tenho uma boa taça. Quero compartilhá-la com você”. Estende as mãos para a frente, como se fosse tocar o rosto de alguém. Mas você está sozinho, e isso não chega a doer, nem é triste. Então você abre a janela para o ar muito limpo, depois da chuva. Você respira fundo. Quase sorri, o ar tão leve: blue.

O Estado de S. Paulo, junho 1987.

(Caio Fernando Abreu. In: Pequenas Epifanias)

domingo, 2 de agosto de 2009

Eles ainda resistem!

Eu estava no colégio, em pleno mês de Julho, num dia de sábado saindo para o intervalo e de repente o inspetor chamou meu nome e pediu para que eu o seguisse até a secretaria. Logo eu pensei "alguém morreu!", felizmente eu estava errada.
Quando lá cheguei, a surpresa: Um buquet de rosas vermelhas, com pedido de desculpas pelo atraso da data do aniversário e pela simplicidade do presente, e para melhorar, o remetente era um ADMIRADOR SECRETO! Dá para acreditar que essas coisas ainda existem? No cartão feito por contra própria, lirismo puro acompanhado de algum bom chocolate e no final a assinatura: L. "L.? Quem é L.?" Sinceramente não faço a menor ideia.
As flores estão na sala, morrendo coitadas. Nunca entendi porque flores (mortas) são sinal de romantismo. Mas se você é meu admirador, muito obrigada!
(Danielle Urquiza)

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Um parnaso romântico!

Noite de Inverno

Sonho que estás à porta...
Estás - abro-te os braços! - quase morta,
Quase morta de amor e de ansiedade.
De onde ouviste o meu grito, que voava,
E sobre as asas trêmulas levava
As preces da saudade?


Corro à porta... ninguém! Silêncio e treva.
Hirta, na sombra, a Solidão eleva
Os longos braços rígidos, de gelo...
E há pelo corredor ermo e comprido
O suave rumor de teu vestido,
E o perfume subtil de teu cabelo.


Ah! se agora chegasses!
Se eu sentisse bater em minhas faces
A luz celeste que teus olhos banha;
Se este quarto se enchesse de repente
Da melodia, e do dano ardente
Que os passos te acompanha:


Beijos, presos no cárcere da boca,
Sofreando a custo toda a sede louca,
Toda a sede infinita que os devora,
- Beijos de fogo, palpitando, cheios
De gritos, de gemidos e de anseios,
Transbordariam por teu corpo afora...


Rio aceso, banhando
Teu corpo, cada beijo, rutilando,
Se apressaria, acachoado e grosso:
E, cascateando, em pérolas desfeito,
Subiria a colina de teu peito,
Lambendo-te o pescoço...


Estrela humana que do céu desceste!
Desterrada do céu, a luz perdeste
Dos fulvos raios, amplos e serenos;
E na pele morena e perfumada
Guardaste apenas essa cor dourada
Que é a mesma cor de Sírius e de Vênus.


Sob a chuva de fogo
De meus beijos, amor! terias logo
Todo o esplendor do brilho primitivo;
E, eternamente presa entre meus braços,
Bela, protegerias os meus passos,
- Astro formoso e vivo!


Mas... talvez te ofendesse o meu desejo.
E, ao teu contacto gélido, meu beijo
Fosse cair por terra, desprezado.
Embora! que eu ao menos te olharia,
E, presa do respeito, ficaria
Silencioso e imóvel a teu lado.


Fitando o olhar ansioso
No teu, lendo esse livro misterioso,
Eu descortinaria a minha sorte...
Até que ouvisse, desse olhar ao fundo,
Soar, num dobre lúgubre e profundo,
A hora da minha morte!


Longe embora de mim teu pensamento,
Ouvirias aqui, louco e violento,
Bater meu coração em cada canto;
E ouvirias, como uma melopéia,
Longe embora de mim a tua idéia,
A música abafada de meu pranto.


Dormirias, querida...
E eu, guardando-te, bela e adormecida,
Orgulhoso e feliz com o meu tesouro,
Tiraria os meus versos do abandono,
E eles embalariam o teu sono,
Como uma rede de ouro.


Mas não vens! não virás! Silêncio e treva.
Hirta, na sombra, a Solidão eleva
Os longos braços rígidos de gelo;
E há, pelo corredor ermo e comprido,
O suave rumor de teu vestido
E o perfume subtil de teu cabelo...

(Olavo Bilac)

terça-feira, 7 de julho de 2009

world in mourning

Sometimes I become really impressed how some persons can change the minds, the opinions, in fact, how some people can really change and stop the world.

I just watched the Michael Jackson's memorial, and I'm impressed how the planet have been stopped to see what happened with him, or I think, what is happennig with him. Some creatures ( I don't think people like him are just humans) have a power that is unbeliveable, uncomprehensible, and they deserve all and more that the world has to offer. In fact, I'm not a fan, I'm young, it's true too, but he managed to get all the respect and and admiration that somebody can get.

People like to say bad things, people like to remember bad things, when thay should be saying good ones. Let's start to forget thoughts like those, because he is worth of all sucess that he got, and all the tears that he is getting.

sábado, 4 de julho de 2009

where is, what is...?

Às vezes as pessoas irritam, as pessoas que menos deveriam irritar, irritam. Stress cotidiano? Ou falta de algo que não se sabe o que é? Dores de cabeças constante aflingem... "É psicológico..." Talvez. Mas em que sentido? É inventado? É ocasionado? Provocado, provavelmente.

Há momentos em que a coragem e a determinação alheia, junto a medos pessoais doem, desmotivam e fazem com que barreiras, múltiplas barreiras, criem-se do nada. E quando se pensa que as mesmas foram transpostas, surgem novas, cada vez mais fortes e mais altas. É como se elas ganhassem vida e força. Para transpô-las necessita-se de outra força, aquela que não se sabe de onde tirar, de onde buscar, de onde roubar, que parece ser inalcançável, mas ao mesmo tempo angustia pela sua falta. Essa entristece porque precisa ser conseguida, dominada. Alguns a chamam de "determinação", "perseverança", mas a fonte dela, é bem verdade, ainda não tem nome.

(
Danielle Urquiza)

quinta-feira, 2 de julho de 2009

No alto...


A lua pela metade

Rasga a noite silenciosa

Só ela ilumina

A última face esperançosa.

(Danielle Urquiza)

Reflexões num poeminha qualquer...


Às vezes eu paro pra pensar
Até onde vale à pena,
Até quando vale à pena.

A vida não é eterna.
A vida tá fora,
A vida é agora.

De que vale parar hoje,
Esperando acontecer amanhã?
Por que não viver hoje,
Saborear hoje,
E esperar adormecer só amanhã?

Eu quero amar hoje,
Eu quero ser, eu quero ter.
Eu quero viver agora.

Eu quero é acontecer.
(Danielle Urquiza)

segunda-feira, 18 de maio de 2009


Em 2006, o secretário-geral das Nações Unidas transmitiu à Assembléia Geral da ONU um relatório mundial sobre a violência contra crianças, preparado por um especialista independente para a ONU. De acordo com o relatório, estima-se que, num ano recente, 150 milhões de meninas e 73 milhões de meninos abaixo de 18 anos foram “forçados a manter relações sexuais ou sofreram outras formas de violência sexual”. Esses números são surpreendentes, mas o relatório declara: “Sem dúvida, esse cálculo é subestimado.” Uma análise cuidadosa de pesquisas feitas em 21 países indicou que, em certos lugares, até 36% das mulheres e 29% dos homens haviam sido vítimas de alguma forma de abuso sexual na infância.



18 DE MAIO - TODOS CONTRA A PEDOFILIA.
FAÇA PARTE DESSA LUTA!


sábado, 9 de maio de 2009

Vida ... ( II )


"Eu grito por liberdade, você deixa a porta se fechar
Eu quero saber a verdade, e você se preocupa em não se machucar
Eu corro todos os riscos, você diz que não tem mais vontade
Eu me ofereço inteiro, e você se satisfaz com metade

É a meta de uma seta no alvo

Mas o alvo, na certa não te espera

Então me diz qual é a graça

De já saber o fim da estrada
Quando se parte rumo ao nada ?"
(Paulinho Moska)


Gênio...

sábado, 2 de maio de 2009

Vida...


"Li uma vez que você vive não sei quantas mil horas e pode resumir tudo de bom em apenas cinco minutos. O resto é apenas o dia-a-dia. Um olhar, uma lágrima que cai, um abraço... Isso é muito pouco na vida. Então, isso vale mais que tudo para mim. Prefiro não acreditar no Day After, no fim do mundo, no apocalipse. " (Cazuza)





O ídolo dos ídolos...

sábado, 11 de abril de 2009

Que a roda sempre reviva...


"...Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega o destino pra lá..."
(Chico Buarque)